[O café nos livros]
Data
1960-10
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Resumo
‘Spectator’ não era o secretário da Fazenda: ‘Spectator’ foi Francisco de Paula Vicente de Azevedo. Com esse esclarecimento o ilustre homem público encerrou uma série de 155 comentários publicados no ‘Correio Paulistano’ entre 2 de julho e 30 de dezembro de 1959. Esses comentários não se poderiam perder no dia a dia dos jornais ou ficarem encerrados em coleções de difícil consulta. Foi com satisfação, pois, que os estudiosos de problemas cafeeira viram aparecer nas livrarias a obra ‘O Ponto de Vista de São Paulo’, de ‘Spectator’, na qual está reunida aquela série de comentários. [...] ‘Como se devem lembrar os leitores, fomos partidários decididos e declarados, não da compra indiscriminada do café da quota de mercado como foi levado a efeito pelo IBC (embora lealmente tenhamos, mais de uma vez, reconhecido os benefícios que daí advieram para a cafeicultura), mas sim, do financiamento intensivo dessa quota a um preço pelo qual, no fim da safra, o IBC garantiria a compra do remanescente, isto é, daquilo que não viesse a ser exportado.’ [...] ‘Até um ano atrás, o café que se bebia no Brasil era da pior qualidade, de procedência desconhecida, e de composição suspeita; era um motivo de desmoralização para o país e um atentado à saúde pública; com raras exceções, o que aqui se bebia era uma mistura de cafés inferiores e invendáveis, com palha e resíduos de toda espécie, vendidos não se sabe por quem e adquiridos ninguém sabe por quanto. Mas, na realidade é que, apesar de tudo isso, o preço do café torrado e moído era bastante elevado; estava o pó de café na casa dos setenta cruzeiros por quilo, quanto a atual direção do IBC, em boa hora, resolveu dar outra orientação este caso. Com a criação da quota de expurgo, deliberou o IBC reservá-la para industrialização ou para transformação em adubos, proibindo o seu consumo para bebida interna; para esta reservou café da quota então denominada ‘excedente’ que compreendia 30% da safra, os quais somados aos 10% da quota de expurgo perfaziam os 40% que nos obrigamos, em abril, a reter para que os outros países pudessem vender por bom preço a quase totalidade (ou totalidade?) de suas safras.
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MARTINS, A. F. [O café nos livros]. A Rural, São Paulo, p. 56-57, Out. 1960.