Navegando por Autor "Matos, Cláudia Helena Cysneiros"
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Item Domácias intermediando interações tritróficas em cafeeiros(Universidade Federal de Viçosa, 2001) Matos, Cláudia Helena Cysneiros; Pallini, Angelo; Universidade Federal de ViçosaO controle biológico vem sendo introduzido em vários países, muitas vezes sem a obtenção de resultados positivos. Isto ocorre principalmente pela falta de conhecimento sobre as interações existentes entre os organismos envolvidos. Plantas e inimigos naturais de seus herbívoros interagem de diferentes formas e muitas destas interações podem levar ao benefício de ambos. Plantas de Coffea spp. apresentam estruturas em suas folhas, denominadas domácias. Essas estruturas abrigam ácaros predadores e fungívoros, sugerindo uma interação mutualística entre a planta e os ácaros que ali vivem. No presente estudo foi avaliado o papel das domácias sobre populações do ácaro predador Iphiseiodes zuluagai (Acari: Phytoseiidae) em plantas de cafeeiros, sendo dividido em dois capítulos. No capítulo 1 foi analisada a interação entre ácaros predadores e domácias em duas espécies de cafeeiro, testando-se a hipótese de que plantas com grande quantidade de domácias abrigam maiores densidades de ácaros predadores do que plantas com poucas ou sem domácias. Para a realização dos testes foram utilizadas plantas de Coffea arabica var. Catuaí e de Coffea canephora var. Conilon onde, em campo, foram realizadas coletas de folhas das duas espécies. Em laboratório, para cada espécie de cafeeiro, procedeu-se a medição da área foliar, a quantificação das domácias presentes por folha, a avaliação da ocupação dessas estruturas por ácaros e a quantificação dos ácaros predadores e fitófagos presentes por folha. No capítulo 2 foram realizados dois testes em laboratório, com o objetivo de avaliar a sobrevivência de I. zuluagai em folhas de C. arabica var. Catuaí. No teste I (teste de alimento e abrigo) foi avaliada a sobrevivência de I. zuluagai em folhas com domácias fechadas (tratamento 1); domácias abertas+ovos de Tydeidae (tratamento 2) e domácias abertas vazias (tratamento 3), sendo analisado a cada 24 horas o número de ácaros adultos vivos em cada tratamento, local de oviposição e quantidade de ovos de I. zuluagai. No teste II (teste de predação) foi avaliada a taxa de predação de Oligonychus ilicis (Acari: Tetranychidae) por I. zuluagai em folhas com domácias fechadas (tratamento 1) e em folhas com domácias abertas+ovos de Tydeidae (tratamento2), e também a sobrevivência de I. zuluagai nesses dois tratamentos. As observações foram realizadas a cada 24 horas, onde avaliou-se o número de adultos vivos, local de oviposição e quantidade de ovos de I. zuluagai, e o número de ninfas mortas de O. ilicis, em cada tratamento. No que se refere ao capítulo 1, foi observado que plantas de C. arabica apresentaram maiores densidades de domácias/área foliar do que plantas de C. canephora. Houve diferença significativa na densidade de I. zuluagai nas duas espécies. O ácaro predador apresentou altas densidades e uma tendência crescente em plantas de C. arabica, não se observando o mesmo em C. canephora. Em relação aos ácaros fitófagos B. phoenicis e O. ilicis, foram observadas baixas densidades em folhas de C. arabica - espécie com maior número de domácias. As domácias de C. arabica se mostraram mais favoráveis ao desenvolvimento de I. zuluagai do que as de C. canephora, podendo proporcionar melhores condições de abrigo e reprodução a esse predador. No capítulo 2 constatou-se que, no teste de alimento e abrigo, nas folhas com domácias fechadas a densidade dos ácaros adultos apresentou uma tendência decrescente, o que resultou na morte de todos os indivíduos no 18o. dia de observação. Nas folhas com domácias abertas + ovos de Tydeidae e folhas com domácias abertas vazias o número de adultos de I. zuluagai foi significativamente maior que nas folhas com domácias fechadas, apresentando uma tendência crescente de suas densidades.No teste do alimento não foram observadas diferenças no consumo de O. ilicis por I. zuluagai em ambos os tratamentos (domácias fechadas, e domácias abertas + ovos de Tydeidae), onde após 24 horas todas as ninfas haviam sido predadas. Por outro lado, observou-se nas folhas com domácias fechadas que no 10 o dia todos os indivíduos de I. zuluagai já se encontram mortos, ao passo que nas folhas com domácias abertas + ovos de Tydeidae houve uma tendência desses ácaros se manterem vivos até o final do experimento. Os resultados obtidos mostram uma interação positiva entre a presença de domácias e ácaros predadores em cafeeiros, sendo estas estruturas de grande importância para a sobrevivência e manutenção destes predadores nas plantas. Isto é de grande importância para o manejo sustentável de pragas, pois representa seu principal objetivo, promover a presença do predador no campo.