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    Preceitos contra o café
    (1960-12) Andrade, Theophilo de
    Quando o café foi descoberto e o seu uso se espalhou pelo mundo, o homem se encontrava em estado muito adiantado da cultura, pois, já então, despontava o Renascimento que foi um grande movimento de libertação do espírito humano. Ao café não se legaram os tabus que existiram, digamos, contra o vinho descoberto pelo homem ainda quando se encontrava nos albores da idade agrícola. Mas a reação contra o suco da vinha fermentada foi tamanha que, ainda no século IX, Mahomet o proibiu aos adeptos de sua doutrina. Foi mesmo essa guerra contra o vinho que facilitou a expansão do café pelo Oriente Próximo, nos séculos XIV e XV. Em relação ao café, os tabus foram substituídos pelos preconceitos que são os tabus modernos. Alguns deles, criados por médicos, assumem as proporções de postulados científicos. É verdade que há também médicos que se colocam em posição contrária. E defendem o café com os melhores argumentos. Mas os primeiros falam ao medo, que é um instinto, ao passo que os segundos falam a razão. E nesta marcha secular da razão contra o instinto, que constitui a própria história da libertação espiritual do homem, a razão vence, mas muito lentamente, pois no subconsciente, sempre ficam forças que agem de maneira subterrânea.