Trabalhos de Evento Científico

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    Influência da adubação verde sobre o crescimento, produtividade e teor de nitrogênio no tecido foliar do cafeeiro (Coffea arabica L.) sob manejo orgânico
    (2003) Azevedo, Marta dos Santos Freire Ricci de; Aguiar, Luiz Augusto; Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café
    Na cafeicultura orgânica não é permitido o uso de fertilizantes químicos de alta solubilidade, tais como as formulações NPK. É permitido apenas o uso de fontes alternativas, tais como estercos, compostos orgânicos, adubos verdes, farinha de ossos, entre outras. No cafeeiro, o nitrogênio (N) é considerado adequado quando o teor nas folhas estiver entre 2,6 a 3,0 %. Para atingir tais teores, o cafeeiro exige aplicações de doses de N que variam de 175 a 300 kg/ha/ano, para produzir entre 20 e 60 sacas/ha. A concentração de N nas fontes orgânicas é baixa. Por esta razão, o N pode ser considerado o nutriente limitante na cafeicultura orgânica. As leguminosas usadas como adubos verdes podem incorporar, em média, 188 kg de N/ha/ano, via fixação biológica. A associação do cafeeiro com leguminosas pode representar um significativo aporte de N, de matéria orgânica e de outros nutrientes ao agroecossistema. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da adubação verde, associada a diferentes espaçamentos de plantio do café, sobre o seu crescimento, teor de N e produtividade, quando cultivado no sistema orgânico. O estudo foi realizado na Estação Experimental da PESAGRO, em Avelar, distrito de Paty de Alferes, RJ, com cafeeiro arábica, cv. Catuaí IAC 99, plantado em julho de 1999. Quatro tratamentos foram avaliados e dispostos no delineamento em blocos ao acasso com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos pelos seguintes espaçamentos e densidades de plantio: 2,0m x 1,0m (5.000 plantas/ha); 2,8m x 1,0m (3.571 plantas/ha); 3,6m x 1,0m (2.778 plantas/ha). Em set/00, nas entrelinhas do cafeeiros, foram plantadas uma (Tratamento 1), duas (T2) e três (T3) linhas de feijão-guandu - FG (Cajanus cajan) como adubo verde, respectivamente no espaçamento 2,0m x 1,0m (T1); 2,8 x 1,0m (T2) e 3,6, x 1,0m (T3). No quarto tratamento (T4) o cafeeiro foi mantido sem o FG, no espaçamento 2,8m x 1,0m, constituindo-se a testemunha. Em Setembro de 2000, após a colheita do café, o FG foi cortado e deixado sobre o solo, avaliando-se neste momento a altura, o diâmetro e a área foliar dos cafeeiros, bem como a sua produtividade e o teor de N nas folhas. A análise estatística demonstrou que os tratamentos consorciados com FG proporcionaram maiores valores de altura, diâmetro e área foliar aos cafeeiros, quando comparados ao tratamento não consorciado. O sombreamento proporcionado pelo FG possivelmente estimulou o crescimento do cafeeiro em busca de luz e a expansão de sua área foliar. Sob a influência da sombra, as folhas dos cafeeiros apresentaram aspecto mais viçoso e uma coloração verde intensa. As maiores produtividades foram obtidas nos tratamentos onde o cafeeiro foi cultivado no espaçamento 2,8 x 1,0 m a pleno sol (T4), (12,2 sacas/ha), não diferindo estatisticamente do valor alcançado no tratamento onde o cafeeiro foi cultivado no espaçamento 2,0 x 1,0 m, consorciado à uma linha de FG (T1), (10,7 sc/ha). Comparando-se os tratamentos onde os cafeeiros foram plantados no mesmo espaçamento (2,8 x 1,0 m), porém com (T2) e sem (T4) a presença do FG, a produtividade foi 63,4% menor na presença do FG. Tal como a produtividade, a maturação do fruto também foi influenciada pelo cultivo do FG, possivelmente devido ao sombreamento proporcionado pela leguminosa. Observou-se que 95,7% do total de frutos maduros (‘cereja’) colhidos no tratamento a pleno sol (T4), foram obtidos ainda na primeira colheita (julho de 2002), contra 67,5% observado no T2, onde os cafeeiros foram consorciados com FG. Considerando-se os demais tratamentos, conclui-se que o atraso na maturação dos frutos obedeceu a seguinte ordem: cafeeiros consorciados com três linhas de FG > cafeeiros consorciados com duas linhas de FG > cafeeiros consorciados com uma linha de FG > cafeeiros não consorciados. A análise estatística dos dados demonstrou que a adubação verde aumentou significativamente o teor de N no tecido foliar dos cafeeiros, proporcionando teores acima do nível crítico estabelecido para o cafeeiro (3 %). Nos tratamentos onde o café foi consorciado com a leguminosa, o teor médio de N foi de 3,309 % (a) contra 2,741 % (b) obtido na ausência do FG. Tais resultados demonstram que a utilização de leguminosas em lavouras de café conduzidos organicamente, constitui uma fonte alternativa para o produtor no sentido de aumentar a oferta de N no agroecossistema, considerando-se que as fontes nitrogenadas de origem industrial são proibidas pelas normas da agricultura orgânica, e possibilitando ao produtor uma maior independência de estercos e compostos.