Trabalhos de Evento Científico

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    Avaliação da anatomia foliar de cafeeiro sombreado com guandu e cultivado a pleno sol
    (2003) Morais, Heverly; Medri, Moacyr Eurípedes; Caramori, Paulo Henrique; Ribeiro, Ana Maria de Arruda; Marur, Celso Jamil; Gomes, José Carlos; Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café
    A adaptação de plantas de uma mesma espécie a diferentes habitats constitui a base da diferenciação entre folhas de sol e folhas de sombra e está associada a modificações nas características anatômicas. Para verificar e caracterizar tais mudanças foi conduzido um estudo em cafeeiros sombreados com guandu comum (Cajanus cajan) linhagem IAPAR PPP-832, utilizando-se como referência cafeeiros cultivados a pleno sol. Os cafeeiros da cultivar IPR 99 foram plantados em 10/12/1998 no espaçamento 2,5 x 0,70 m e foram recepados após a geada de julho de 2000. O guandu foi semeado nas entrelinhas dos cafeeiros na densidade de 3 plantas/m linear em dezembro de 2000, atingindo em maio de 2001 seu crescimento vegetativo máximo (4 m de altura) e cobrindo totalmente os cafeeiros. A interceptação da radiação solar global pelo guandu manteve-se entre 80 e 90% de maio a julho e caiu para 65% no final de agosto, devido à senescência das plantas. No dia 4 de setembro foram coletadas dez folhas de plantas diferentes de cada tratamento (cafeeiros sombreados e cafeeiros a pleno sol) escolhidas ao acaso, do 2º par de folhas do ramo plagiotrópico a contar do ápice, pertencentes ao terço superior das plantas e voltadas para a face norte. De cada folha foram extraídos pedaços de 0,5 cm 2 da região mediana, os quais foram submetidos à preparação de lâminas pelo Método de Parafina. Em seguida os cortes foram emblocados em parafina e foram retiradas secções transversais de 10 mm de espessura, com micrótomo rotativo manual. Estas secções passaram por etapas de colagem em lâminas com adesivo Haupt, distensões em placa aquecida, coloração pela combinação azul de astra e fucsina básica, e finalmente foram fixadas em bálsamo-do-Canadá. Para análise dos cortes transversais foram efetuadas cinco medições de cada indivíduo, utilizando-se ocular micrométrica. As estruturas avaliadas foram: espessura da parede celular e cutícula, espessura das epidermes abaxial e adaxial, espessura do parênquima paliçádico e lacunoso e espessura da folha. Os percentuais de espaços intercelulares foram obtidos pelo método gravimétrico], sem o uso da ocular micrométrica. O número de estômatos foi avaliado por meio de lâminas preparadas a partir da impressão de nitrocelulose (esmalte incolor) na epiderme abaxial das folhas, retirando-se películas no terço mediano. A contagem de estômatos foi feita em 5 campos de cada folha. Para caracterizar o comprimento dos estômatos foram avaliadas 5 folhas de plantas distintas de cada tratamento, das quais foram extraídos pedaços de 0,5 cm 2 da região mediana, que passaram pelo processo de dissociação da epiderme por meio da Mistura de Jeffrey (ácido crômico e ácido nítrico a 10%); as epidermes (abaxial e adaxial) foram submetidas à coloração pela combinação azul de astra e fucsina básica e finalmente foram fixadas em lâminas. Foi medido o comprimento de 10 estômatos em cinco campos diferentes, utilizando um microscópio de câmara clara com ocular micrométrica. Os dados foram submetidos à comparação de médias pelo teste estatístico "t" de Student. Para todas as variáveis avaliadas observaram-se diferenças anatômicas entre folhas expostas ao sol e à sombra. As folhas expostas ao sol apresentaram cutículas e paredes celulares mais espessas, células da epiderme mais estreitas, parênquima paliçádico com células mais alongadas, parênquima lacunoso espesso e com poucos espaços intercelulares e maior número de estômatos. Folhas sob condições de denso sombreamento apresentaram menor espessura das células da cutícula e parede celular; mesofilos com menores volumes, porém com maiores espaços intercelulares; epidermes com células mais espessas e estômatos em menor quantidade, envoltos por células subsidiárias de menores dimensões. Os resultados obtidos evidenciaram que a espécie Coffea arabica caracteriza-se por apresentar grande amplitude de adaptação fenotípica à mudança na intensidade de radiação solar. Características observadas no aparato estomático e mesofilo atribuem às plantas cultivadas a pleno sol maior atividade fotossintética, que por sua vez pode implicar em ganhos produtivos.