SPCB (03. : 2003 : Porto Seguro, BA) - Resumos Expandidos

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    Espécies de Fusarium associadas a plantas de café (Coffea arabica L.) com sintomas de murcha no Sul de Minas Gerais
    (2003) Almeida, Anderson Resende; Gonçalves, Fabrício Packer; Pfenning, Ludwig Heinrich; Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café
    Na África, Gibberella xylarioides (anamorfo Fusarium xylarioides) é o agente etiológico da "traqueomicose" ou murcha vascular do cafeeiro. Esta moléstia é considerada uma das mais importantes em vários países do continente Africano, pois afeta plantas de Coffea excelsa, Coffea liberica, Coffea dewevrei, Coffea canephora e Coffea arabica. O patógeno coloniza o sistema vascular e é transmitido via aérea por ascósporos e conídios. As medidas de controle restringem-se ao manejo. No Brasil, a fusariose em cafeeiro é uma doença pouco estudada, embora venha se expandir no país. Os sintomas observados em viveiro são apodrecimento do hipocótilo das mudas no estádio de "palito-de-fósforo". No campo, as plantas infectadas amarelecem, murcham e morrem em um curto período de tempo. Devido à ocorrência de murcha vascular em plantas de cafeeiro no Brasil e à ausência de estudos de caracterização das espécies de Fusarium associadas a essa cultura, o projeto teve como objetivos: a) isolar, caracterizar e identificar espécies de Fusarium associadas a plantas de cafeeiro com sintomas de murcha e b) testar a patogenicidade de alguns isolados selecionados. A recuperação de espécies de Fusarium foi feita a partir de caules, raízes e frutos coletados de cafeeiros com sintomas de murcha. As amostras foram coletadas nos municípios de Lavras, Guapé, Machado, Muzambinho e Bambuí Sul de Minas Gerais e Capelinha norte de Minas. Sementes comerciais e hipocótilos de plântulas com sintomas de podridão também foram utilizados. Foram caracterizadas e identificadas sete espécies de Fusarium: Fusarium dimerum, Haematonectria ipomoeae (anamorfo Fusarium striatum), Fusarium solani, Fusarium oxysporum, Fusarium equiseti, Fusarium semitectum e Fusarium stilboides. Fusarium dimerum e Haematonectria ipomoeae foram relatados pela primeira vez no cafeeiro. Testes de patogenicidade foram realizados em plântulas de cafeeiro das cultivares Acaiá Cerrado e Catuaí. Foram inoculados Fusarium oxysporum, Fusarium solani, Fusarium equiseti, Fusarium semitectum e Haematonectria ipomoeae. Entretanto, não foi observado nenhum sintoma de fusariose seis meses após a inoculação das mudas com suspensão de conídios, aplicada com auxílio de seringa e quirera de milho infestada. Da mesma forma, nos experimentos de inoculação por imersão das raízes em suspensão de conídios e ferimentos na base do hipocótilo, não foi possível reproduzir sintomas. Porém, os experimentos foram avaliados 120 e 60 dias, respectivamente, após a inoculação. Provavelmente, prazos maiores são necessários para avaliar a patogenicidade e reproduzir sintomas. Portanto, pode-se concluir: a) Fusarium dimerum e Haematonectria ipomoeae (anamorfo Fusarium striatum) foram relatados pela primeira vez na cultura do cafeeiro; b) Haematonectria ipomoeae é homotálica, produzindo peritécios com facilidade em meio de cultura e em substrato vegetal; c) as sementes são potencialmente fontes de inóculo, portanto, a sanidade destas é fundamental na produção de mudas sadias; d) Haematonectria ipomoeae (anamorfo Fusarium striatum), Fusarium oxysporum e Fusarium solani possuem ampla distribuição, pois foram recuperados em sementes provenientes de plantas com murcha e de um lote de sementes comerciais; de troncos e raízes de plantas com sintomas de murcha e de hipocótilos de plântulas com podridão no hipocótilo. Haematonectria ipomoeae foi ainda recuperado como endofítico de folhas e Fusarium oxysporum como endofítico de hastes de cafeeiros sem sintomas de doença; e) Fusarium xylarioides não foi encontrado nas fazendas estudadas no Sul de Minas Gerais, sendo confirmado como praga quarentenária; f) os testes de patogenicidade em mudas de cafeeiro não forneceram resultados conclusivos, portanto, são necessários mais testes de patogenicidade em condições controladas com avaliações de, pelo menos, até 6 meses a partir da inoculação.