UFU - Dissertações
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Item Análise química e avaliação do potencial alelopático da casca do café (Coffea arábica)(Instituto de Química - Universidade Federal de Uberlândia, 2009-10-15) Andrade, Aretha P.S.; Aquino, Francisco J. T. deNos últimos anos diferentes grupos de pesquisa vêm tentando encontrar uma regularidade entre a análise química e os diversos tipos de cafés selecionados por meio da degustação. Além dos cafés de classificação padrão para o consumo da bebida que são mais apreciados (mole, gourmet, duro) e que são selecionados a partir de grãos de ótima qualidade, os fragmentos “cascas” por mais inusitado que possa parecer, não são descartados, e sim, muito procurados pelas torrefadoras. O acréscimo da casca e de pergaminhos torrados na proporção de 30-50% permite a redução de custos dos cafés vendidos no mercado interno e são, por isso, usados rotineiramente na composição de nossos cafés que tomamos no dia-a-dia. Apesar de encontrarmos outros trabalhos na literatura sobre a composição química de cascas de café, não se têm conhecimento de qualquer trabalho científico que traga uma análise química mais detalhada dos constituintes da casca (epicarpo) e uma comparação com o café (Coffea arabica), ambos provenientes do Cerrado Mineiro. O presente trabalho teve como objetivo analisar e quantificar os constituintes químicos da casca melosa (casca de café sem pergaminho) do café (Coffea arabica, cultivar Mundo Novo) submetida a torra média, proveniente da região do Cerrado Mineiro (região do município de Araguari). Desta forma, foi feita a análise da composição química macromolecular da casca de café por via úmida, análises de espectroscopia no ultravioleta (UV), análise de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e a composição química dos voláteis por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), em comparação à do café (Coffea arabica). Adicionalmente, foi estudada a sua ação alelopática da casca de café através da atividade fitotóxica dos extratos diclorometano, em ensaios pré e pós-emergentes [germinação de sementes de Panicum maximum (capim colonião)], do crescimento da raiz e da parte aérea, e da análise dos metabólitos secundários presentes no extrato em diclorometano da casca e da borra de café. A análise química da casca de café torrado revelou uma composição bem diferenciada do grão de café torrado. Os resultados do teor de sólidos insolúveis e extrato aquoso sugerem um sabor muito próximo, o que explicaria a adição da casca no café comercial. Ocorreram alterações nos teores dos parâmetros analisados: umidade (3,0% para o café, 3,0% casca), sólidos insolúveis (66,03% para o café, 55,38% para a casca), extrato aquoso (34,41% para o café, 39,46% para a casca), o teor de lipídios (11,62% para o café, 4,52% para a casca), lignina de Klason (33,50% para o café, 13,23% para a casca), holocelulose (47,19 % para o café, 32,15% para a casca), extrativos metanol/ água (34,41% para o café, 39,46% para a casca), compostos fenólicos (75,99 mg mg-1 para o café, 23,63 mg mg-1 para a casca), proantocianidinas (16,52 mg mg-1 para o café, 21,97 mg mg-1 para a casca), pH (5,23 para o café, 4,21 para a casca), cafeína (3,85 % para o café, 0,81% para a casca) e atividade antioxidante (CE50 de 1,10 mg mg-1 de DPPH e a casca de café 6,41 mg mg-1 de DPPH). A casca por apresentar em algumas análises menores teores do que no café (exceto teor de lipídios), a casca de café tem características químicas indesejáveis para o consumo. Avaliação da ação alelopática dos extratos em diclorometano da casca de café, mostrou-se que os metabólitos secundários foram eficientes para a inibição do desenvolvimento da raiz (na concentração de 100 μg mL-1), enquanto que na inibição do desenvolvimento da parte aérea a ação alelopática do extrato da borra do café foi mais eficiente (na concentração de 100 e 200 μg mL -1), apresentando comportamento inibitório considerável no crescimento da raiz e parte aérea da planta daninha Panicum máximum (capim Colonião). De qualquer forma, estes resultados sugerem a utilização da casca de café como coadjuvante no controle de plantas daninhas.