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    Irrigação, nutrição mineral e face de exposição ao sol no progresso da ferrugem e da cercosporiose do cafeeiro
    (Universidade Federal de Lavras, 2011-03-30) Custódio, Adriano Augusto de Paiva; Pozza, Edson Ampélio
    Doenças de natureza policíclica, a ferrugem (Hemileia vastatrix) e a cercosporiose (Cercospora coffeicola) são responsáveis por significativas perdas na cafeicultura em todas as regiões produtoras do Brasil e do mundo. A adoção de práticas culturais que atuam sobre o ambiente para reduzir a taxa de progresso da epidemia dessas enfermidades é de extrema importância, como tática de controle alternativo, diminuindo a dependência de defensivos agrícolas no campo. Dessa forma, visando à geração de informações técnico-científicas com aplicabilidade imediata, foram realizados três experimentos em campo, enfatizando a prevenção e o controle da ferrugem e da cercosporiose. No primeiro experimento, o objetivou foi avaliar o efeito de lâminas de irrigação (0%, 60%, 80%, 100%, 120% e 140% Kc) pelo método da aspersão, tipo pivô central, na epidemiologia da ferrugem e da cercosporiose do cafeeiro. Amostraram-se as doenças em cada face (norte e sul) de exposição da lavoura à luz solar, correspondendo aos tratamentos secundários. Maior progresso da ferrugem foi observado no tratamento não irrigado e menor, nas maiores lâminas de irrigação (100%, 120% e 140% Kc). O impacto das gotas de água promovido pelo método de irrigação por aspersão reduziu a concentração de propágulos aéreos de Hemileia vastatrix, resultando em menor severidade da doença na lâmina de 100% Kc. Durante todo o período de avaliação, registrou-se maior intensidade da ferrugem na face sul de exposição do cafeeiro à luz solar. De forma oposta à ferrugem, houve aumento da cercosporiose com o incremento de maiores lâminas de irrigação por pivô central, ocorrendo menor incidência da doença no tratamento não irrigado e maior nas lâminas de 100% e 140% Kc. Devido à maior luminosidade, houve também maior intensidade da cercosporiose, em folhas e frutos, para a face de exposição norte do cafeeiro. Sugere-se assim, sempre que possível, considerar a face de exposição da lavoura mais favorável às enfermidades no campo, na tomada de decisão de medidas de controle. O segundo experimento foi realizado no intuito de entender o comportamento da cercosporiose na formação do cafeeiro fertirrigado, com diferentes parcelamentos e doses de nitrogênio e de potássio. A cercosporiose do cafeeiro foi amostrada em cada face de exposição da lavoura (noroeste e sudeste), que corresponderam aos tratamentos secundários. Não foi observada influência significativa entre a interação de doses e parcelamentos de adubação, assim como de diferentes doses de adubação, de forma isolada, na incidência da cercosporiose do cafeeiro. Esse resultado pode ter ocorrido devido ao fornecimento da fertirrigação e da irrigação suplementar ter favorecido a absorção de N e K pelas plantas, resultando em maior resistência à cercosporiose. Porém, houve influência significativa dos diferentes parcelamentos de adubação nitrogenada e potássica por meio da fertirrigação na incidência da cercosporiose. Foi verificado menor progresso da doença e maior enfolhamento das plantas, realizando doze aplicações ao ano de N e K, uma vez ao mês, por condicionar maior teor foliar de nitrogênio e níveis adequados de potássio à planta. Houve maior incidência da doença na face sudeste da lavoura, provavelmente devido à maior exposição da folhagem do cafeeiro à luz solar. A temperatura média do ar foi à variável climática que melhor se correlacionou, de forma negativa, com a cercosporiose, aos 15 e 30 dias anterior a avaliação. Dessa forma, o fornecimento de nitrogênio e potássio em doze parcelamentos via fertirrigação é uma tática de controle cultural eficaz no manejo da cercosporiose do cafeeiro em formação. No terceiro experimento, o objetivo foi estudar o progresso temporal da ferrugem e da cercosporiose, em lavoura cafeeira não irrigada, sobre diferentes níveis de Ca e de K. Para isso, quatro doses de calcário dolomítico (0, 1, 2 e 4 t ha -1 ) e quatro doses de cloreto de potássio (0, 100, 200 e 400 kg ha -1 ) foram fornecidas. A amostragem das doenças foi realizada considerando cada face de exposição predominante da lavoura (leste e oeste). Somente o progresso da ferrugem foi influenciado pelas doses de calcário dolomítico e cloreto de potássio estudadas, ocorrendo interação significativa. O menor progresso da ferrugem do cafeeiro foi obtido nas doses medianas de calcário aplicado, quando as dose de cloreto de potássio foram responsáveis por menores amplitudes na variação da intensidade da doença, reafirmando a necessidade de equilíbrio entre nutrientes. Durante todo o período experimental, pode-se observar que maiores valores de incidência e severidade da ferrugem ocorreram na face de exposição leste da lavoura e o menor, na face oeste. De forma contrária, foi registrada maior intensidade da cercosporiose na face oeste de exposição da lavoura e menor intensidade da face leste. No campo, a redução da precipitação e a temperatura média do ar proporcionaram maiores índices de ferrugem e cercosporiose, ambas aos 30 dias anteriores à avaliação das doenças.